A preocupação com a subsistência das famílias atendidas pelos serviços de convivência e em outros serviços da assistência social é tema de primeira ordem nesses tempos de pandemia. A redução da renda impõe dificuldades e necessário se faz o auxílio a essas famílias. Doações de cestas alimentares, auxílio emergencial e a solidariedade da comunidade, entre outras ações, trazem algum conforto neste momento, afinal a alimentação é necessidade essencial.
Aqueles que estão na linha de frente, em contato com essas famílias, nos relatam também demandas que vão além das necessidades materiais. Esse período de distanciamento trouxe junto questões psicológicas que causam também grande desconforto e dificuldades bem sérias.
No Colmeia, a psicóloga Bartira e toda a equipe perceberam o aumento da ansiedade e depressão por conta do isolamento social e da perda dos espaços de convivência. Também constataram aumento do número de adolescentes com ideações suicidas e automutilação.
Para dar suporte nesse momento foi criado um canal de comunicação com a equipe do serviço. As crianças, adolescentes e também as famílias entram em contato via telefone ou “whatsApp” e podem contar com alguém para ouvi-las. Segundo Bartira: “Eles relatam sentirem muita falta do cotidiano do projeto e da equipe. Estas conversas, mesmo à distância, têm proporcionado suporte e apoio, pois alivia o sentimento de solidão e ansiedade. Relatam o sentimento de pertencimento e segurança quando são acolhidas, mesmo que de maneira remota, pelo serviço”.
Já as famílias, continua Bartira, “nos procuram a fim de ter um espaço para dialogar e ser escutado, bem como o auxílio na procura de profissionais da psicologia para encaminhar e iniciar um acompanhamento terapêutico. Também buscam orientações de procedimentos diante do isolamento, como e quando flexibilizar para a manutenção da saúde emocional das crianças sem colocá-las em risco”.
Além desse atendimento específico, a equipe Colmeia continua a oferecer, através das mídias sociais, atividades que mantenham os vínculos e que de alguma forma estimule a convivência, mesmo à distância. Nelas os meninos e meninas tem a oportunidade de participarem e se sentirem mais próximos da equipe.
Mas se oferecemos algum auxílio, também o recebemos. Nós adultos também passamos por nossas carências nesse momento. Aqueles que trabalham no atendimento também sentem falta da meninada. A terapêutica que elas nos oferecem quando de sua participação nas atividades consola nossos corações. Quando num vídeo repartem conosco seus talentos, suas danças, seus desenhos ou simplesmente cantam: “Ontem um menino que brincava me falou, que o hoje é semente do amanhã, para não ter medo, que esse tempo vai passar, não se desespere não, nem pare de sonhar…” são elas que nos curam.
Esse o esforço e o anseio de todos dessa “Colmeia”, acolher corações e repartir esperança, semear sonhos e colher um mundo melhor.