A resolução de conflitos pode educar pessoas e comunidades. É com base nessa perspectiva que o Projeto Colmeia, unidade assistencial do Centro Espírita Amor e Caridade localizada na Vila São Paulo, tem contribuído para estimular o desenvolvimento de crianças e adolescentes atendidos.
A estratégia integra o trabalho do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), cujo
objetivo é oferecer oportunidades às famílias em vulnerabilidade social como forma de proteção e valorização.
Para isso, um conjunto de atividades estimula o desenvolvimento das crianças e adolescentes para a
convivência social, o conhecimento de seus direitos e deveres e o desenvolvimento de sua cidadania.
Essas finalidades somente são possíveis quando há a boa convivência entre as pessoas. E é aí que entra a resolução de conflitos, incorporada pelo Colmeia como parte de um processo educativo individual e
coletivo. Uma das ferramentas adotadas foi a Caixa de Cartas, inspirada no educador Janusz Korczac (leia mais ao lado). Por meio dela, quando há algum desentendimento, meninos e meninas são orientados a refletir sobre a situação, escrever a queixa e depositar na caixinha. “Isso evita a
tentativa de resolução imediata com a “cabeça quente””, explica Celso Cosci, coordenador do Projeto Colmeia. Uma vez por semana, as cartas são lidas durante uma reunião, de forma a exercitar coletivamente a harmonização. As questões mais específicas são tratadas de forma individual. É assim que toda sexta-feira o Colmeia revive Korczac. “É nesse dia que as cartas são lidas. Mas elas não trazem só as desavenças. Na caixa podem ser depositadas palavras de elogios, gratidão, bem querer. É o exercício de vivenciar o outro lado do conflito, o afeto. Esse exercício tem propiciado a evolução de toda a comunidade do projeto”, afirma Celso.
Conheça Janusz Korczac
O polonês Janusz Korczac, pseudônimo de Henryk Goldszmit, foi médico e educador nascido em
Varsóvia, capital da Polônica, em 1878.
Com a chamada pedagogia emancipadora, da qual se deriva a Caixa de Cartas adotada pelo Projeto
Colmeia, dedicou-se a cuidar de dois orfanatos na capital polonesa.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o orfanato em que Korczac cuidava de crianças judias
foi transferido pelo exército alemão para o Gueto de Varsóvia.
“O Velho Doutor”, como era conhecido, não abandonou as crianças e viveu com elas no gueto. Em
agosto de 1942, as 200 crianças e seus educadores foram levados para um trem que as conduziu até o campo de extermínio de Treblinka, mantido pelos nazistas. Korczac tinha a possibilidade de utilizar documentação que o livrasse do embarque, mas, mais uma vez, não as abandonou. Fez a “viagem” com
elas.
(Com informações da Wikipedia)